Isabella dos Santos Ribeiro e Carlos Augusto Peixoto Jr
Winnicott descreveu um longo caminho a ser percorrido para ocorrer o amadurecimento emocional primitivo de modo satisfatório ao lactente. Para ele, o bebê precisa de um ambiente suficientemente bom para se tornar uma pessoa integrada. Porém, falhas ambientais podem ocorrer nesse período precoce e isso terá efeitos que poderão ser observados na clínica. Assim, em casos de falhas excessivas do ambiente, o bebê não tem a oportunidade de estabelecer um verdadeiro self, ele pode parecer real, mas não o é de fato, podendo gerar um sentimento de que a vida não vale a pena ser vivida. Se o falso self ganha destaque na vida da criança, ele oculta o verdadeiro self que pode não aparecer e permanecer oculto durante a vida adulta. Dessa forma, não há uma aniquilação ou desaparecimento do verdadeiro self, ele continua a existir, mas está encoberto pelo falso self, esta será a forma como a pessoa atuará na vida. Winnicott descreve situações clínicas onde o self permanece eclipsado e faz uma importante associação com o risco de suicídio. Acreditamos, portanto, que, na clínica com pacientes com risco de suicídio, esse self possa estar estilhaçado por um ambiente não suficientemente bom, ou seja, traumático em sua constituição. Assim, a proposta desse trabalho é pensar nas falhas ambientais e o risco de suicídio que esses sujeitos podem apresentar.