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Andréa Acioly Maia Firmo

O trabalho objetiva construir reflexões sobre a função e potencial integrador do holding oferecido pelo setting analítico no acompanhamento de um paciente que apresentava sofrimento emocional intenso e expressava sua dor através de automutilações. À luz deste acompanhamento psicanalítico, pretende-se pensar os desdobramentos do que se chama holding nas patologias atuais e relacionado às distorções da agressividade. Compreende-se que, nesses casos, o manejo precisa atentar para a existência de falhas nos processos de simbolização do sofrimento psíquico que foi vivido, porém, não experienciado. Nesse ínterim, o ato de se cortar surge como uma forma de descarga, alívio, mas também uma forma precária e autodestrutiva do paciente comunicar a ameaça de desalojamento do corpo, de cisão e de medo da sensação de não existência. Pensando o holding enquanto manejo, compreende-se que a construção do ambiente analítico, nesses casos, envolve momentos de: sustentação dos modos defensivos através dos quais o paciente comunica seu sofrimento; continência da destrutividade e tentativas de transformação das formas do paciente expressar e integrar falhas sofridas nas raízes do eu. Em síntese, o desenvolvimento de um ambiente de confiança, sustentação e sobrevivência do analista a tamanha expressão da destrutividade foi o que permitiu a construção em análise de modos mais criativos de dar contorno ao sofrimento do paciente: os trabalhos psíquicos de criação, pintura e escrita. Estes meios, considerados maleáveis e menos danosos ao eu, quando compartilhados em análise, auxiliavam o paciente a retornar ao momento anterior à perda e construir novas redes associativas e processos de simbolização.