Denise Barcelos Sardi, Doris Helena Varnieri Haar Flores, Helenita Ferrari, Raquel Elisabete Finger Schneider e Soraya Maria Pandolfi Koch Hack

Nossa escrita inspirou-se no filme A filha Perdida, lançado em 2021, ganhador do Independent Spirit Awards (melhor filme, melhor roteiro e direção). O filme traz a história da personagem de meia idade Leda que, ao fazer uma viagem de férias, acaba por enfrentar uma viagem ao seu mundo interno, repleto de cisões, sofrimento, inveja e luta pela sobrevivência psíquica. Reflexões sobre o peso da maternidade e o dilema da mulher contemporânea são a tônica da narrativa, que aos poucos vai revelando as falhas do ambiente e um frágil e descontínuo holding recebido, como também oferecido pela personagem. Planejou férias num lugar retirado, na bagagem levava livros para aprimorar seu conhecimento, e no olhar um semblante de felicidade. Ao longo da trama percebemos que opta por uma comunicação ativa ou reativa, com necessidade de manter seu self isolado, evitando assim, o enfrentamento de dificuldades nos relacionamentos pessoais e íntimos. Sua aparente tranquilidade é interrompida pela chegada de uma família que provoca uma intrusão em seu psiquismo de forma a evocar lembranças que tentava amortecer. Observando como se relacionavam, passou a lembrar de passagens da vida, é tomada por lembranças das filhas, e o dilema da maternidade: a necessidade de atenção das filhas e o cansaço frente às demandas, interferindo na ascensão profissional. Ao longo da trama a dificuldade em estabelecer uma relação harmoniosa com o ambiente que a circunda fica evidente. A cena final demostra que foi uma longa e penosa viagem que propiciou o resgate consigo mesma: filha, mulher, mãe.