Gabriela Torres

O objetivo desse trabalho é fazer uma reflexão sobre a atuação da Psicanálise na sala de parto a partir da compreensão dessa cena como traumática, que traz à tona questões inconscientes acerca da vida, da morte e da erogeneidade que escapam às explicações fisiológicas e resvalam na experiência dos sujeitos sobre este fenômeno. A emergência destas questões não se restringe à subjetividade da mulher-parturiente, nem mesmo pode ser explicada apenas a partir do que se passa no corpo biológico. Devido a tantas interferências médicas na parturição, a parturiente passou de sujeito a objeto. A partir de uma narrativa de nascimento, busca-se estabelecer a reflexão de como oferecer um ambiente potencializador de integração do traumático provocado por essa situação paradigmática da experiência humana, onde se escancara o descompasso entre a fisiologia e o psiquismo. Conforme nos sugere Ferenczi (1934), pensa-se no analista como Testemunha, como alguém que dá crédito ao trauma, de forma que não se nega o evento e sim, valida sentimentos e percepções. O estudo propõe entender como, ao promover um Espaço Potencial na cena de parto, a mulher seja protagonista da sua história. Cabe ao analista devolver-lhe afetos e comportamentos que lhe pertencem e permitir que circule e ganhe forma aquilo da ordem do incomunicável, objetos e fenômenos transicionais. Dessa forma o analista/psicanálise participa da inauguração de um Espaço Transicional, ou Espaço Potencial.