Stefanie Hansen Jung e Thais Souza de Jesus
O presente artigo propõe compreender os impactos da construção do setting da clínica psicanalítica no contexto virtual e contemporâneo, afim de ponderar ganhos e perdas em relação a transferência e ao manejo clínico, comparando com o setting presencial. A partir das referências teóricas a respeito dos elementos que configuram o enquadre analítico, bem como da transferência, associações livres e resistência do ponto de vista da psicanálise clássica, é possível considerar que as regras e normas a respeito da atuação prática do analista partem de um momento histórico, que contempla um modo de se pensar e ler o mundo, abarcando inclusive as limitações de sua época; e neste sentido, diferente das possibilidades de atuações contemporâneas; e também que quando a prática clínica é atravessada por limitações teóricas, torna-se convocada a revisitar suas possibilidades de intervenção. Para isso, considera-se a articulação com autores contemporâneos psicanalíticos, especialmente do pensamento winnicottiano sobre o setting e tudo o que se refere à construção de um vínculo suficientemente bom entre analista e paciente, cuja garantia de previsibilidade e continuidade, que é uma das bases de sua visão, sejam atendidas através da desburocratização do atendimento prestado, como através do ambiente virtual contemporâneo e todas as possibilidades e limitações que esta ferramenta proporciona.