Paula Tavares Amorim
Os cuidados ambientais oferecidos desde o primeiro momento de vida do indivíduo são primordiais para o seu desenvolvimento emocional e relacionamento posterior consigo e com a realidade que o cerca. Falhas significativas podem concorrer a formas negativas de experienciar a realidade e a perda da confiança no ambiente. Nesse sentido, pretende-se apresentar um estudo de caso de um adolescente de 17 anos, filho de pais separados, encaminhado para atendimento por outro profissional que preocupou-se com ele devido sua mãe sofrer violência doméstica do seu padrasto. Além disso, teve uma infância conturbada. A partir do seu relato e da sua mãe, foi identificado que a relação de cuidado ofertada a ele foi ambivalente, precária e organizada através da privação. Essas falhas vivenciadas em período precoce perduram nos dias atuais e somam ao ambiente violento que vive sua mãe, permitindo que possamos estabelecer conexões com o modo de ser e estar no mundo do cotidiano desse adolescente, o qual apresenta personalidade voltada para a concretude, precariedade no processo de simbolização, pensamentos negativos, afeto embotado, dificuldade de formar vínculos afetivos e ansiedade persecutória. O manejo desse caso, dentro do aspecto da clínica winnicottiana, é oferecer um ambiente suficientemente bom e confiável ao paciente para que seja possível trabalhar com suas emoções, segurança, possibilidades de desabrochar sua espontaneidade e, consequentemente, estabelecer relações saudáveis.