EIXO: 11 – Ambiente e Holding na pandemia
Encontro, abraços, sorrisos…preenchimento, onde antes nos deparávamos com espaços em interditos de proteção representado pela máscara tão característica do que nos assolou a todoscom a pandemia da COVID 19. Estamos encontrando espaços para a presencialidade, lançando mão de muitas adaptações, disponibilidade e a tal elasticidade. Certos de que agora mesmo trabalhamos na elaboração de vivências com características traumáticas em todos nós, seguimos na busca de linguagem para dar sentido à intensidade de afeto que nos atravessou. Foram dois anos em que estivemos em meio à reclusão, seguidos de espaços de breve abertura e então novas ondas de adoecimento para enfim vivermos a a possibilidade da vacina e seus reforços.
Um sorriso em especial me captou recentemente, a mudança positiva no humor puerperal quando em contato real com a sua prole, até então afastada pela internação de um bebê recém nascido. Neste artigo, volto meu olhar para a prática de escuta hospitalar e a abertura recente da visita dos irmãos às unidades de internação hospitalar, atividade mediada e conduzida pelo setor de Psicologia atualmente em minha coordenação.
As internação são longas, a exaustão impera e sobre aquela que gera, recai a responsabilidade de ser côncavo quando o ambiente ainda invade de modo bem obtuso. A rede de apoio se fragiliza e as exigências com a mãe e suas atividades fora do hospital atravessam a disponibilidade ao bebê ainda em constituição dentro da incubadora. Para além de vivências bem inadequadas com os progenitores que constantemente nos levam, a todos do setor, a experimentar grandes angústias e a atuações na realidade de denúncias por violências (dessas tratarei em um outro texto já em andamento). Neste busco o descanso da esperança que muitas vezes o encontro com os filhos mais velhos trazem às mães e a abertura da possibilidade de vivências de acolhimento ambiental e holding em um contexto pandêmico.
Andréia Batista Lima
Psicóloga e Jornalista, Especialista em Psicologia Clínica Psicanalítica (UGF/RJ), Membro Fundadora do Percurso – AM e Coordenadora do Setor de Psicologia da Maternidade Balbina Mestrinho.