EIXO: 11 – Ambiente e Holding na pandemia
Este estudo compreende as cenas vividas, percepções e narrativas das crianças de 4 a 11 anos inseridas em comunidades de 10 municípios cearenses sobre os momentos de distanciamento social durante a pandemia da COVID-19. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que utiliza o referencial psicanalítico de winnicott, bem como do estresse tóxico na primeira infância. Foram entrevistadas 14 crianças nos meses de Abril a Julho de 2020 através de uma câmera filmadora com microfone com a qual todas as entrevistas foram gravadas, para registro, análise e produção de quatro pílulas temáticas, com matérias relacionadas à infância. Após a captação do áudio das entrevistas, o material foi transcrito na íntegra e feita análise das narrativas temática por meio da análise de conteúdo de Bardin, possibilitando a criação de quatro categorias temáticas para criação de documentários curtos: (1) significado/compreensão da pandemia, (2) brincadeiras em tempos de COVID-19 no ambiente domiciliar, (3) relacionamento familiar e (4) perspectiva pós-pandemia. A interpretação das narrativas revelou que muitas dessas crianças não compreenderam, em diversos momentos, os motivos pelos quais estão em casa e sem ir à escola, que elas sabiam sobre o perigo e a necessidade do cumprimento de regras de distanciamento físico, uso de modelos de prevenção (uso do álcool sempre muito expresso), a presença do medo de perder alguém que ama e a saudade da vida “como era antes”. Percebe-se também que a pandemia trouxe um brincar de forma isolada e solitária,onde a forma de compensar foi “brincar” de assistir TV e mexer no celular, evidenciando o aumento do uso de telas nesse período. Todos notam mudanças negativas quanto aos seus familiares e em seus relacionamentos com estes no período de isolamento domiciliar e uma imensa vontade do retorno às atividades presenciais, como antes.
Joana Clemente
Graduação em Psicologia pela Universidade de Fortaleza (2006) , Especialização em Desenvolvimento Infantil pela Universidade Federal do Ceará-UFC (2008) , Mestre em Saúde da Mulher e da Criança pela Universidade Federal do Ceará-UFC (2021). Tem como foco o estudo do desenvolvimento infantil e a infância em situações adversas. Atualmente exerce o cargo de Diretora Secretaria do Instituto da Primeira Infância-IPREDE, sendo a responsável pela elaboração, gestão de projetos e ações que visem o estudo do desenvolvimento na Primeira Infância e sua família. Atuou como gestora de diversos projetos na temática na primeira infância como: Projete de Capacitação de Cuidadores de Crianças em Situação de Abrigo em parceria com Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social-STDS, Projeto Acolher na Primeira Infância e o Projeto Apoio ao Crescimento Econômico com Redução das Desigualdades e Sustentabilidade Ambiental do Ceará em parceria com com a Secretaria de Educação do Ceará-SEDUC. No decorrer de sua trajetória voltou sua atenção para o desenvolvimento e valorização de pesquisas relacionadas a importância no Desenvolvimento na Primeira Infância e o fortalecimento feminino. Ganhadora, em 2022, do prêmio Concurso de Artigos Científicos sobre Fortalecimento de Vínculos Familiares em Tempos de Pandemia, uma iniciativa da Secretaria Nacional da Família, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)