EIXO: 1 – Ambiente e Holding no desenvolvimento humano
O estudo tem como inspiração o Filme “Rocketman” que retrata a história do pianista e músico Elton Jonh, apresentado em forma de uma narrativa autobiográfica. Dirigido por Dexter Flechter, escrito por Lee Hall, lançado em 2019. O filme recebeu este nome, após o sucesso da música intitulada “Roketman” de 1972, cuja tradução é “astronauta”.
O estudo é uma reflexão descritiva, tomando o filme como um estudo clínico, à luz da teoria psicanalítica, a partir do pensamento de Donald Woods Winnicott, apresentando a história do protagonista a partir de sua própria narrativa, desde a infância, como Reggie Kenneter Dwigth, um menino com um talento para o piano e a música que não encontrava o “olhar” da mãe, além da indiferença do pai, evidenciando as falhas ambientais e um frágil holding, que o levaram a uma busca desenfreada de existir através da música.
É apresentado através de recortes das narrativas do protagonista durante seu tratamento em uma clínica de reabilitação de narcóticos anônimos, alternando-se com cenas e letras da música do filme, em uma retrospectiva de sua história de vida, da infância, ao encontro com a música, o sucesso e a fama.
Reflexões sobre o seu desenvolvimento como músico, as adaptações que o transformaram em um ícone do rock, o ajustamento psíquico e desenvolvimento de um self personagem frenético, para encobrir sua fragilidade psíquica, o uso de criativo dos objetos transicionais em seu performance, como alternativas para um existir, através da música e da criação, são a tônica deste estudo.
O estudo também aponta para o mundo da fama, as relações abusivas que culminaram com seu adoecimento e uso de substâncias químicas, mostrando um ambiente não facilitador para um sentido de integração. Se de um lado, o brilho, as roupas excêntricas, as cores, os óculos coloridos o transformavam em um artista a ser admirado por todos, de outro, sua música traduzia seu verdadeiro self. Passando por momentos de caos, ao tomar contato com seu self verdadeiro, parte deprimido, o protagonista entra em situações caóticas, pondo em risco sua vida.
Finalmente Elton encontra em seu companheiro Bernie Taupin, letrista de suas composições o “olhar” amoroso que o faz pensar
sua existência valiosa, buscando assim o auxílio que necessita. Passa por um longo processo terapêutico onde consegue
compreender sua história, integrando em si a parte depressiva, abraçando sua criança interior, voltando a compor, agora um self
que integra os elementos depressivos, despindo-se das fantasias e defesas maníacas, emergindo para a música, transformando
sua vida. Elton se liberta das drogas, segue com seus shows, encontra um amor de verdade e constitui a família que nunca
conseguira ter. O menino inquieto, talentoso e tímido, agora encontra consigo mesmo, com o poder criativo do existir.
Helenita Ferrari
Psicóloga, psicoterapeuta de crianças, casais, famílias e adultos.
Especialista em Terapia de casais e famílias,
Mestre em psicologia do Desenvolvimento pela UFRGS
Fundadora e coordenadora do Espaço Winnicott de Passo Fundo