Ao escrever sobre o silêncio, penso naqueles que se percebem diversos, não comuns, não pertencentes a grupo algum; pessoas descritas pelo estigma da falta, da diferença na cor, na aparência, no gênero, no modo de ser excluídas de participação no quotidiano da vida, descritas, pelo preconceito, como seres sem interesse nos acontecimentos do mundo, alienadas de autonomia. Vivemos um outro tempo no qual o desejo de ser abre caminho na busca da inteireza humana das paixões, interesses e repúdios, emancipando-se das antigas referências. Assim sendo, desprendeu-se da estereotipia de gênero, da biologia e do cativeiro das semelhanças, contudo, muito da discriminação que antes as descrevia se mantêm escondido, dissimulado, algo enevoado, pouco iluminado. Experiência da qual brota o desejo de falar da solidão invisível contida no silêncio que se faz ver. E ao pensar na solidão se faz impossível não dar às mulheres protagonismo por serem elas aquelas que muito lutaram para saírem da invisibilidade e terem direito à voz, ao trabalho remunerado e participação na vida social. Penso também nas mulheres, porque considero que em nossa sociedade a solidão da qual falo se acentua na ausência solidária dos parceiros com quem geraram bebês e na desunião entre mulheres, que ainda dificulta a fraternidade de gênero para os direitos que buscam. Participação e união necessárias que ainda se apresentam como conquistas a serem feitas.
AUTORA: SILVIA LOBO
Editora: Leader
Ano: 2022
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